O tratamento do autismo através do método ABA necessita de uma equipe abrangente e multidisciplinar. Dentro dessa abordagem que envolve tantas áreas, a Terapia Ocupacional tem um lugar de destaque no desenvolvimento de habilidades importantes para as crianças com autismo.
Segundo o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito) a Terapia Ocupacional é voltada aos estudos, à prevenção e ao tratamento de indivíduos portadores de alterações cognitivas, afetivas, perceptivas e psico-motoras, decorrentes ou não de distúrbios genéticos, traumáticos e/ou de doenças adquiridas, através da sistematização e utilização da atividade humana como base de desenvolvimento de projetos terapêuticos específicos, na atenção básica, média complexidade e alta complexidade.
Tendo isso em vista, e para explicar o papel do TO no tratamento do autismo, fizemos CINCO perguntas básicas à Terapeuta Ocupacional da Casulo Comportamento e Saúde Júlia Castro sobre o assunto. Veja abaixo!
1- Em termos gerais, qual a diferença da terapia ocupacional infantil em crianças dentro e fora do espectro do autismo?
Em geral não tem muita diferença. Quando falamos em Terapia Ocupacional infantil, visamos três áreas: AVDs (atividade de vida diária), escola e o ato de brincar. Todas as crianças aprendem sobre o mundo interagindo com ele, o que quero dizer com “interagir com o mundo”, significa que a criança recebe informações através dos sentidos. No caso dos autistas essas informações podem sofrer alterações sensoriais, o que dificulta a criança a desenvolver seu papel ocupacional. Sendo assim, a TO avalia e a utiliza do ato de brincar com o principal recurso, afim de garantir, manter e melhorar as habilidades de pessoas com TEA, podendo assim, chegar à independência.
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2- Quais os tipos de habilidades são possíveis de treinar ou desenvolver através das técnicas da terapia ocupacional?
As habilidades de vida diária, tais como treinamento de toalete, vestir-se , escovar os dentes, pentear o cabelo, alimentar-se, calçar os sapatos entre outras. Trabalhamos também habilidade motoras fina e grossa, além da percepção de competência, consciência corporal, habilidades visuais, habilidades sociais, brincar funcional, interação dos sentidos e diminuição de estereotipias.
3- Quais são os maiores desafios para chegar a esse objetivo? Existem etapas ou habilidades especificamente mais desafiadoras ou importantes?
Quando falamos de crianças com autismo o tratamento sistemático e continuo é de extrema importância. Nem sempre a resposta é imediata e é preciso ter consciência e respeitar a evolução e o tempo de criança. Acho que todas as etapas são importantes e desafiadoras, entre essas posso destacar o desenvolver de relacionamento das crianças com seus pares e adultos e expressão de sentimentos em formas mais adequadas.
4- Como os pais podem ajudar no processo? Há habilidades que os pais podem ajudar a fomentar em suas crianças?
Os pais podem estimular e permitir o contato dessa criança com o mundo (sempre de forma lúdica). Eles, os pais, assumem um papel importante nesse processo, pois é preciso acreditar no potencial da criança, em busca de maior autonomia e independência. A participação da família e a continuação do tratamento em casa faz toda a diferença no meu trabalho. Busco estar sempre orientando os pais a incentivar o seu filho a se “cuidar sozinho”, participar do preparo de refeições, ajudar nas tarefas de casa, observar interesses da criança e ajudar no planejamento de uma rotina segura e prazerosa.
5- E o que os pais não devem fazer em hipótese alguma, sob o risco de atrapalhar, ainda que sem querer, o processo de aprendizagem das crianças?
Duvidar da capacidade dessa criança. Às vezes isso pode acontecer, inclusive, protegendo-o de tal forma ao ponto de interferir no crescimento e o desenvolvimento da mesma. Também não se deve forçar o aprendizado e fazer comparações com outras crianças. Cada uma é de um jeito e tem seus próprios desafios. O importante é entender que cada criança tem seu tempo e suas limitações, tendo expectativas realistas e sendo mais compreensivos nas etapas do desenvolvimento.
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