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Um novo estudo publicado na Autism Research mostra que cerca de 100 em 10.000 (ou 1 em 100) crianças em todo o mundo são diagnosticadas com transtorno do espectro do autismo (TEA). Isso significa um aumento em relação ao relatório de prevalência global de 2012, que mostrava que 62 em 10.000 crianças eram autistas.

“O aumento da prevalência do autismo em todo o mundo reflete em parte o impacto dos esforços de saúde pública para aumentar a conscientização global sobre o transtorno do espectro autista”, disse o Dr. Andy Shih, Ph.D., diretor de ciências da Autism Speaks e coautor do estudo. “Desde 2012, muitas regiões também fizeram avanços significativos na identificação de casos, diagnóstico e capacidade de atender a comunidade autista.”

No relatório de prevalência atualizado, a autora da pesquisa Dra. Mayada Elsabbagh e seus colegas revisaram 71 estudos publicados desde 2012. A análise incluiu 99 estimativas de prevalência em 34 países, com amostras variando de 465 a 50 milhões de participantes.

Resultados

Semelhante à revisão de 2012, a maioria dos estudos foi realizada nos Estados Unidos e no norte da Europa, com muitas regiões como Europa Oriental e África com estimativas limitadas ou inexistentes. As populações pesquisadas eram principalmente crianças, mas alguns estudos incluíram adultos com 18 anos ou mais.

Os resultados descobriram que os homens eram cerca de quatro vezes mais propensos do que as mulheres a ter autismo. A porcentagem média de casos de autismo com deficiência intelectual concomitante foi de 33%, com as mulheres tendo maior probabilidade de deficiência intelectual.

Embora houvesse diferenças na prevalência do autismo entre regiões geográficas, amostras pequenas e métodos de estudo inconsistentes dificultaram a comparação entre os países. As estimativas podem ser subnotificadas em alguns países devido às taxas mais baixas de diagnóstico.

No entanto, os estudos que puderam ser comparados mostraram que nos EUA, Missouri teve as taxas mais baixas de autismo (96 por 10.000 em 2014), enquanto Nova Jersey teve as taxas mais altas (284 por 10.000 em 2014). A prevalência também foi maior nas áreas rurais da Índia e Taiwan em comparação com as áreas urbanas, mas essa tendência não foi consistente em todos os países.

Redução na prevalência racial

A pesquisa também mostrou algumas diferenças na prevalência entre raça e etnia, embora a lacuna de diagnóstico entre brancos e minorias parece estar diminuindo. As taxas de prevalência foram quase idênticas para crianças brancas, não hispânicas, negras e asiáticas/ilhas do Pacífico em 2016, embora tenham permanecido mais baixas para crianças hispânicas. Essa é uma grande diferença em relação a 2010, quando crianças brancas não hispânicas tinham cerca de 2,5 vezes mais chances de serem diagnosticadas com autismo do que crianças negras não hispânicas.

O aumento global na prevalência do autismo reflete grandes melhorias na conscientização pública e na resposta da saúde pública ao autismo. As crianças agora são mais propensas a serem diagnosticadas mais cedo, e até mesmo regiões sub-representadas, como África e Oriente Médio, estão aprimorando sua capacidade de medir a prevalência do autismo. Pesquisas futuras precisarão se concentrar nos fatores que causam diferenças na prevalência do autismo em todo o mundo.

Fonte: Autism Speaks

Já que o retorno às aulas presenciais é iminente com a vacinação andando, nós temos que pensar como estão as crianças que requerem atenção especial nas escolas. O Brasil fez um avanço na última década com relação à legislação, como a lei do TDAH e do Transtorno de Aprendizagem.

A legislação na área do autismo (Lei nº 2764 de 2012) é clara ao prever que a criança com diagnóstico de TEA requer atenção 1 para 1 com o monitor ou assistente dentro da sala de aula, entretanto ainda não é suficientemente clara com relação ao suporte que é necessário em termos de programação ou de plano de educação individualizado.

Quem é responsável por isso? Segundo a legislação brasileira, seria a escola. No entanto, a realidade é que muitos administradores, professores e pedagogos não possuem a capacitação necessária para fazer esse acompanhamento.

E é aqui entra o programa de consultoria escolar!

Em geral, a Consultoria Escolar Comportamental é a provisão de serviços psicológicos por meio da formação de parceria com as partes interessadas. Como a escola, outros terapeutas e a família da criança.

A ênfase é dada geralmente na busca de soluções para inclusão escolar, no qual o analista do comportamento irá disseminar as práticas baseadas em evidências para uma equipe educacional ou multidisciplinar.

Há dois tipos de planos que podem ser estabelecidos dentro do programa de consultoria escolar. O Plano de Ensino Individualizado (PEI) e o Plano de Intervenção Comportamental (PIC). 

O primeiro é é um processo de organização do currículo acadêmico referente ao ano letivo que a criança está cursando, objetivando equilibrar as demandas pedagógicas da escola com as habilidades e competências que a criança possui.

O PEI é elaborado pelo professor a partir da avaliação do aluno com necessidade especial específica. No entanto, poucos professores possuem competência para estabelecer esse plano de educação especial que atenda às necessidades da pessoa autista. A consultoria existe, portanto, para auxiliar a elaboração desse plano a partir de práticas baseadas em evidências e pensadas pelo analista do comportamento.  

Ou seja, o PEI é um plano para ajudar a pessoa autista a desenvolver-se no ambiente escolar levando em consideração as suas respectivas habilidades. Como criar estratégias para que um aluno autista compreenda regras gramaticais de português, ou a tabuada e assim em diante.

Se o PEI é voltado para a elaboração do ensino que atenda as necessidades da pessoa com necessidades especiais, o Plano de Intervenção Comportamental (PIC), como o próprio nome sugere, é mais voltado para uma questão ainda mais individual. Serve para elaborar intervenções a comportamentos considerados socialmente inapropriados.

No PIC, o analista do comportamento irá propor etapas de resolução de problemas que podem ser identificados pela equipe escolar. O objetivo é diminuir a frequência desses comportamentos e repor por outros que sejam socialmente relevantes. 

A elaboração dessas estratégias depende de um amplo diálogo entre analista do comportamento, professores, escola e pais dos alunos para que haja a implementação efetiva desses processos.