Embora a ciência tenha avançado bastante sobre o tema, algumas questões envolvendo o
Transtorno do Espectro Autista (TEA) ainda continuam sob debate – e também em constante
evolução. Nos últimos meses, pesquisadores do programa de ciências psicológicas na UT Dallas
trabalham para dissipar alguns mitos, estudando questões como a etnia e o gênero afetam o modo como o autismo é diagnosticado. Por isso, separamos três mitos sobre o autismo que precisamos derrubar.
O autismo afeta apenas meninos
Essa é uma questão que já abordamos em textos anteriores. De acordo com o Center for
Disease Control (Centro de Controle de Doenças, em português, órgão dos EUA responsável por centralizar pesquisas na área de saúde), os meninos têm 4,3 vezes mais probabilidade do que as meninas de serem diagnosticados com autismo.
As meninas são diagnosticadas mais tarde, de acordo com o Dr. Kevin Pelphrey, psicólogo
infantil que estuda o autismo em meninas. Sua pesquisa descobriu que o autismo pode se
manifestar em sistemas cerebrais diferentes em meninas e em meninos. Garotas autistas,
disse ele, tendem a ter disfunções nas partes do cérebro que lidam com as habilidades
motoras, funções executivas e regulação emocional.
“Nos meninos, a disfunção se dá principalmente nos sistemas cerebrais envolvidos na comunicação social e no desenvolvimento social”, disse Pelphrey.
O que também é preciso pontuar é que não há muitas pesquisas sobre garotas autistas e a falta de pesquisas significa que as meninas são diagnosticadas erroneamente, podendo perder a oportunidade da intervenção precoce.
O autismo é menos prevalente em pessoas negras
Novamente, a questão não é de prevalência, mas de falta de estudos apropriados. Pessoas negras (ou não brancas) também são diagnosticadas mais tarde e com menos frequência. De acordo com o CDC, crianças brancas têm cerca de 30% mais chances de serem diagnosticadas com Transtorno do Espectro do Autismo do que crianças negras e cerca de 50% mais chances de serem diagnosticadas do que crianças latinas. Mas isso tem mais a ver com o acesso a esses diagnósticos que a uma questão de raça.
Um estudo de 2014 descobriu que não há diferença racial ou étnica em quando os pais de
crianças autistas notam sintomas de autismo em seus filhos, mas as crianças brancas são ainda
mais propensas a serem diagnosticadas.
A realidade é que a pesquisa sobre autismo geralmente se concentra nas necessidades dos meninos brancos. Isso pode fazer com que crianças negras autistas não sejam diagnosticadas, assim como as meninas.
Tenha em mente que a pesquisa está sendo realizada nos Estados Unidos, cujas questões
raciais possuem um contexto diferente que aqui no Brasil. De toda forma, os estudos
realizados nos EUA influenciam direta e indiretamente a produção de conhecimento no mundo
inteiro, incluindo o nosso país.
O autismo afeta a todos de forma igual
O autismo é um espectro – a experiência de cada pessoa autista é única. E isso significa que as pessoas autistas podem ter demandas diferentes. Em 2013, a American Psychiatric Association removeu a Síndrome de Asperger do manual de diagnóstico e mudou o diagnóstico para Transtorno do Espectro do Autismo.
Entretanto o termo caiu em desuso, a partir que a comunidade do autismo passou a compreender que Asperger era um rótulo que se referia a uma pessoa autista que era considerada sem grandes barreiras para funcionar em sociedade. Isso aumentou ainda mais o leque para quem possui o diagnóstico de autismo. O TEA, portanto, passou a abranger um público mais diverso e com realidades completamente opostas e com necessidade muito específicas.
Isso reforça a necessidade de se fazer ações individualizadas, voltadas para as características de cada criança para que ela possa se desenvolver plenamente, de acordo com suas demandas.
Fonte: Texas Standard
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